Andréa Sumé

O sagrado na causa feminina

É o seguinte. Vou falar bem a real para ser mesmo direta. 
O sagrado na causa feminina vai muito além do que participar de círculo de mulheres.

Colocar saia, sorrir, plantar a Lua e tocar tambor não vai resolver a desconexão que sentimos enquanto humanidade.

Quero ver todas vocês falando aos parentes e amigos sobre machismo e debatendo os paradigmas retrógrados que governam nossa sociedade.

Quero ver todas nós unidas no propósito de uma dança muito maior que vai além das classes e da desigualdade social. Quero ver todas nós dando adeus ao supermercado e as grandes indústrias que monopolizam os venenos na Terra. Quero ver todas nós comprando e colhendo orgânicos, dando uma banana para os shampoos e as estéticas indústrias. Quero ver todas falando de polícia e mandando Bolsonaro catar coquinho no mato. Quero ver a mulherada pronta para firmar a ação na frase “cada passo que dou é um passo sagrado”.

Marielle Franco morre e com ela morre um pedaço da consciência permissiva do feminino.

Emerge uma consciência urgente que tem pressa.

Caso você ainda não fez uma pequena revolução em seu mundinho alienado você está terrivelmente atrasada. Corra ! As lobas já não podem mais esperar.

Participar somente dos círculos sagrados pode sim ser também uma forma de alienação, sacou?

 
Agiliza aí Fia… toque seu tambor, mas não feche os olhos para o capitalismo. Plante sua Lua, mas não ache que isso seja sua única forma de militância. Gire suas saias com as hermanas, dancem pela paz… mas não deixem de criar juntas ações efetivas com suas indignações.

Mulheres, vamos acordar? 
Tomar nosso lugar?
Ou o sono da Cinderela ainda vai insistir em nos governar ?

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