Andréa Sumé

Boa e Boazinha

Existem diferenças consideráveis a se dizer sobre a Mulher Boa e a Mulher Boazinha. Aqui abre-se uma porta de entendimento para que o Sagrado Feminino se manifeste com verdade e propriedade.


A Mulher Boazinha vive dentro de si uma sofrida dualidade : enquanto seu desejo (ainda que secreto) é agradar o outro para ser amada e aceita, experimenta no mundo oculto de suas emoções sentimentos de raiva e mágoa por ter que cumprir esse script para receber aprovação e amor que acha que merece. E novamente, ainda que em secreto, culpa, acusa e condena seus relacionamentos. Está presa em uma masmorra emocional, onde ela mesma guarda as chaves que abrem a porta enferrujada das couraças de seu medo.

Por todas as vezes que a Mulher Boazinha dissimula, sorrindo, quando no seu desejo interno é acusar. E todas as vezes que uma lágrima deixa de cair porque ela não quer ferir o mundo com suas insatisfações. Por todas as vezes que a mulher decide calar para não se posicionar.

A Mulher Boa já se conhece o suficiente e não usa de recursos e manipulação para construir o ato de ser aceita e reconhecida no mundo. Ela abandonou as condenações nas relações e segue o fluxo da vida com o coração inundado de compaixão. 
É generosa com os limites do outro, pois sabe que o outro é território vasto e desconhecido. 
O respeito incrível que sente pelo outro, é , em mesma proporção, o respeito que sente ao vasto território de si mesma. Isso lhe confere o poder de saber onde quer estar, com quem quer estar, e mais , é profundamente fiel aos princípios que governam seu mundo interno. 
Suas raivas e indignações são usadas para transformar.

 Por todas as vezes que observamos as diferenças e sentimos tranquilidade (não existe nenhum desejo em ferir o outro ou a si mesma). Todas as vezes que silenciamos por respeito. E também por todas as vezes que encontramos caminhos de dizer o que precisa ser dito com amor.

 
Uma profunda experiência de liberdade nos invade, onde nosso único desejo é ser o que somos.

Todas nós já sentimos o poder dessas duas faces da fêmea.

E não podemos negar -las. 
De fato , precisamos reconhece-las e abraça-las.


E , de fato , o Feminino Sagrado se completa com a despedida da Mulher Boazinha e o florescimento autêntico da Boa Mulher.


Se engana a mulher que diz que isso é um ato santo. 
É possível . É real.  É humano .

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