Sempre houve um mistério que me pergunto. E de tanto perguntar e honrar esse Grande Mistério a qual todos nós pertencemos, eis que numa noite, onde o sono e o sonho se encontram numa belíssima sensação oceânica, fui tomada pela resposta.
Ninguém me disse. Não havia vozes ou espíritos. Nada de sobrenatural. Era absurdamente natural o encontro com tamanha sabedoria ancestral. Encontrei algo muito antigo que veio me buscar.
Um saber. Uma chave. O óbvio que se descortina diante dos olhos é simples.
Um segredo quando revelado causa sensações imensuráveis, e hoje o que experimento é um repouso profundo na alma do mistério que me foi revelado :
Os Ciclos da Terra (primavera , verão, outono, inverno) se reproduzem em nós numa velocidade amplificada.
A Terra vive em 365 dias as quatro estações do ano, enquanto nós experimentamos o mesmo ciclo em 24 horas.
Assim, concluímos as quatro estações do ano no corpo humano em um único dia.
É real. Somos cíclicos.Todos nós. Mulheres e homens.
Explico :
Adormecemos e voltamos a ser semente. Silêncio, escuro, calor no ninho. A cama é o ventre quente que toda noite acolhe o descanso de nossa potência. O repouso é a própria caverna que abriga a morte necessária.
Estamos no Inverno de nossa natureza.
Despertamos e somos primavera.
O desejo nos convoca ao florescimento das realizações. Brotamos para um dia novo e nascemos novamente diante de tantas possibilidades.
Caminhando para o ápice da manhã e da tarde, é o Verão que chega com todo seu calor e energia. Criamos e materializamos diante da fertilidade que nos domina.
E quando o sol se despede e a lua se aproxima, é neste tempo que sentimos o Outono invadir o espírito. Um pedido de recolhimento que quer casa, celebração e aconchego.
Na elaboração do que vivemos, é hora de refletir e compartilhar a intimidade de nossos vínculos e relacionamentos.
E o ciclo se repete numa espiral crescente de constante movimento.
A conclusão final de que somos um corpo aceladorado de Gaia é no mínimo uma confirmação absolutamente precisa de que nós somos a própria natureza.
Não fazemos parte da natureza. Nós somos a natureza.
E não é privilégio de gênero…. o mistério que faz com que a mulher vivencie os Ciclos da Lua, é o mesmo mistério que conduz o reino humano a viver os Ciclos da Terra.
E no final das contas, o mistério não está encerrado: continua sendo um grande mistério o porque a vida atua dessa maneira. O segredo da Vida continua intacto, e deste lugar, só nos resta a condição de reverência.
O que de fato abala minha humanidade é sentir que
quanto mais próxima estou dos saberes da natureza, mais íntima me torno dos valores fundamentais da alma.
Inverno/dormência.
Primavera/ despertar.
Verão/fertilidade.
Outono/ recolhimento.