Andréa Sumé

Semente

Caminhar em sintonia com os Ciclos do Céu e da Terra é uma decisão sagrada que nos traz de volta o sentido da infinitude.
Somos seres infinitos e toda a vida nasce, morre e renasce num ritmo pontual e cadente.
Para quem sente e se conecta com esses ciclos, fica absolutamente claro o quanto pertencemos a natureza e como nossa condição humana não está desconectada dos ritmos naturais da terra.
O sentido de viver ganha brilho novo quando percebemos a imensa floresta selvagem que somos.

Neste tempo, estamos exatamente no início de um ciclo que chamamos de Inverno.
O convite claro da natureza é o retorno ao estado de semente.

A semente contém a origem.
Ela concentra em si toda a potência necessária para explodir em saúde e vigor muito em breve.
A terra é o seu ventre, o escuro e o silêncio são o seu colo e não existe medo diante do desconhecido.

A semente confia na direção de seu propósito e sabe esperar o tempo necessário para nascer, crescer e florescer. Ela está em movimento latente, firmando suas raízes na terra e sendo puxada para encontrar o céu.

O caminho da semente nos conta que um pequeno grão carrega em si a possibilidade de uma plantação.
Dê as condições certas para uma única semente e presencie essa miúda força crescer na terra e se multiplicar.

Não resta ansiedade alguma diante da compreensão do tempo natural e não há possibilidade de acelerar o tempo e apressar o processo que acompanha os ciclos.

Neste sábado os tambores vão tocar todo seu encanto e magia para juntos orientarmos o sentido mestre que nos guia.
A fogueira do propósito vai brilhar bonita e dentro da oca um Toré forte e vigoroso pede passagem.

A semente que germina na caverna do coração quer ser embalada, regada e nutrida.

Pés pelados na terra onde a alma fica nua e se despede de antigos medos e mortes.
A referência existencial do Eu e a dança orgânica do Nós.
Psicologicamente falando, é hora de elaborar os lutos mais profundos e concluir reflexões que orientem o foco e exclareçam o objetivo. Dinamizando estados de dormência em potência, podemos dialogar no trânsito simbólico que circula do inconsciente para a consciência.

Diante da fogueira, um Rito de Cura celebra a chegada da mudança, neste eterno recomeço de quem somos e quem seremos.

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