Andréa Sumé

Pachamama

Não te recordas, minha filha ?
Que triste agonia viver achando que está separada da magia. 


Da terra, você é pó e alimento. Danças com o vento a sinfonia das esferas e tua casa é somente um lugar no ventre da mãe. 
Um respiro. Um acalento.

Você é feita de fogo, tua roupa original é a luz do sol e teu vestido prateado está bordado com trançados da luz do luar.

Não te recordas, minha filha ? 


Difícil é caminhar sem a lembrança de tua essência. 
Você é a voz das águas e tuas curvas são as mesmas do corpo da montanha. 
Não vê ? 
Somos parte de uma mesma natureza. 


Teu desejo é ser maior do que não és, porque pensa tão pequeno e não reconhece a grandeza de todo o infinito que já habita em ti.
Aflita, segue restrita e não fareja mais as trilhas secretas que te levam ao meu encontro.

Mulher, você é alimento e fruto. Exatamente como eu. 
É você quem nutre o mundo. 


Do teu ventre nasceu toda a humanidade assim como meu ventre pariu toda a vida que vive no solo desse chão.

Nossos ciclos caminham na mais perfeita sintonia. Da primavera florida aos invernos mais intensos, da lua negra que míngua e recolhe até o brilho encantador que nos enfeitiça. Do poder da fertilidade, nosso segredo revelada às vísceras do nascimento.


Nosso rito. 
Nossa bruxaria.

Você é terra . 
Você é alimento. 
Você sou eu. 
Parteiras de um novo tempo.

 
Somos Pachamama.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima